Militão é um exemplo exato da valorização do sentido visual. Aos sete anos de idade contraiu meningite e perdeu 100% da audição . Para minimizar a deficiência, a família o transferiu para o Rio de Janeiro,em 1970, para que se matriculasse no Instituto Nacional de Educação de Surdos. No INES, ele não só aprendeu as linguagens labial e dos símbolos como pôde desenvolver a sua inclinação para a pintura em aulas com o artista plástico Rubens Fortes Bustamante Sá (já falecido), que lhe transmitiu a ideia de composição e cores.

 

Sua participação no mercado iniciou-se no Rio de Janeiro, participando do grupo que expõe na feira de arte da praça General Ozório, em Ipanema, tendo sua produção adquirida semanalmente pelos turistas.

 

Em 1982 passou uma temporada entre Uruguai, Argentina e Paraguai, retornando ao Brasil em 1986.

 

Em 1990, volta para Recife, onde passa a residir. Pela sua demorada ausência, sentiu o impacto de ser nessa capital um mero desconhecido. Entretanto, sua vontade de vencer no meio artístico leva-o a pintar cada vez mais, aprimorando o seu trabalho, que resulta numa exposição individual que faz por conta própria no lobby do mar hotel.

“Eu sempre vendi tudo que pintava,por isso me acomodei e só agora irei fazer a minha primeira individual,” argumenta o artista.

 

O fato é que Militão tem um mercado invejável para dar vazão a sua obra . Recentemente, por exemplo, fechou contrato de exclusividade com a joalharia H . Stern, uma das maiores do pais, em quase três anos foram fornecidos mais de 150 quadros.

Hoje, Militão tem seus trabalhos constando nas melhores galerias de arte, assim como adquiridos frequentemente pelo mercado exterior.

 

Galeria como Gottfried Murbach (Zurique/Suíça) e Arvene At (Miami/EUA), são constantes na aquisição dos seus trabalhos.

 

Caderno C do Jornal do Comércio.

Recife, 12 de janeiro de 1993